Férias. Creio que deveríamos ter o direito de nos afastar de tudo, uma vez por ano, para descansar e reavaliar (principalmente) nossos caminhos nesta vida. De longe, creio, podemos ver com mais nitidez e enxergando melhor, descobrir as bifurcações que as estradas podem ter.
Todo umbandista deveria reler a história da criação da religião a cada período de férias. Embora a história nunca mude, nós mudamos o jeito de enxergá-la. Temos o privilégio de, depois de um ano de atuação e aprendizado mediúnico, utilizar o tempo de folga para ponderar sobre a religião, baseados num extenso ano. Primeiro é entender porquê a Umbanda foi criada. A pergunta é uma só, mas a resposta pode ter vários lados e todos verdadeiros. Pode ser como meio mais simples de atender os necessitados, pode ser a forma menos intelectualizada de fazer caridade, dentre tantas outras coisas. A Umbanda é simples e por isso dela jorra amplo entendimento sobre o Divino.
Como toda religião, a Umbanda é baseada na fé. Quando podemos entender todo o processo de qualquer de qualquer fenômeno, isto deixa de ser religião e passa a ser ciência. Ora, se buscamos uma religião é porque na verdade queremos as benesses da fé, ou seja , os milagres. Aquelas coisas maravilhosas que nos ocorrem sem uma explicação lógica e que nos apontam , que Deus sabe de nossa existência. O que é milagre para mim, pode não ser para você, e aí está a beleza da vida. Analisar nosso percurso dentro da religião é como olhar um caleidoscópio demoradamente : vamos vendo a cada movimento desenhos novos se formarem.
A Umbanda é a única religião brasileira. Isso é um fato. Assim sendo, até mesmo nesta simples frase há o que pensar. Se somos praticantes de uma religião nova, num país novo, há que se inovar também a mentalidade dos integrantes. Dirigente nenhum tem o direito de dizer isto ou aquilo das outras religiões. Tem que estar ocupado em entender a sua própria forma de ver este "corpo cristalino" que vem se formando pela fé e daí tirar subsídios para compartilhar com os membros de seu próprio Terreiro. Quer falar mal da igreja católica? Retire todas as imagens de santo do congá. Quer criticar o jeito do candomblé? Esqueça os Orixás.
É tempo de enriquecer a Umbanda. E como se faz isso? Dando voz às entidades. Ensinando médiuns sobre caridade, fé e humildade. E como? Com o próprio exemplo. Antes de fazer uma campanha externa de captação de alimentos e roupas para ajudar alguma comunidade, veja se um dos filhos de corrente não está precisando destas mesmas coisas. O próximo é, invariavelmente aquele que está do nosso lado.
“Vaidade é definitivamente meu pecado favorito” Quem não lembra desta frase do todo poderoso John Milton (em mais uma interpretação inigualável de Al Pacino) em "O Advogado do Diabo"? O maior inimigo de uma pessoa que trabalha com manipulação de energia é a vaidade, sem sombra de dúvida. As virtudes, tanto nas religiões como nas pessoas demoram a crescer, mas , infelizmente, os pontos negativos crescem como mato com raízes fundas, portanto é preciso vigiar sempre.
Tudo é fonte de aprimoramento, quando se está determinado a crescer. Talvez o maior de todos os milagres que existam seja a forma pela qual a crença nos transforma, nos aprimora. Meu amigo Marcelo Dalla agora há pouco escreveu, num ato de sincronia com o que estava escrevendo: "Não é a crença de alguém que lhe garante nada espiritualmente. É o seu caráter, sua atitude diante das pessoas e da vida." Meu amigo e leitor, é a sua receptividade às mudanças internas, de aprimoramento, que faz com que os melhores e mais necessários milagres pessoais aconteçam. No meio deste caminho, algumas coisas são inevitáveis e alguém, como o chapeleiro de Alice no País da Maravilhas sempre vai te perguntar: "Por que você está sempre grande demais ou pequena demais?" O importante é sempre saber o que você quer ser e o que espera de sua religião, sabendo que até conseguir o equilíbrio é normal que se caia , às vezes. O importante é saber levantar.
Por mais que tenhamos uma visão perfeita, não enxergamos tudo de uma só vez. Prova disto é a imagem que coloquei aqui neste texto hoje. A fotógrafa canadense, Tara Miller, 39 anos, foi a vencedora do concurso nacional de fotografia promovido pelo Canadian National Institute com a fotografia denominada “Crespúsculo Fortuito”, que relata a aproximação de uma tempestade sobre uma plantação de girassol em um entardecer em Starbuck/Canadá.Miller sofre de glaucoma há 20 anos e tem apenas 10% de sua visão. “Estava tão emocionada e ansiosa para chegar em casa e ver o que havia captado. Rezava para que tudo tivesse saído bem”, declarou sobre o dia que clicou a imagem vencedora.
Cada um , a seu tempo, consegue analisar o que vê com mais clareza. Mantenha-se sempre atento, com a proteção de suas entidades e sob a luz de seu Orixá, quem sabe não acontece com você o milagre de ter captado uma visão única do Divino? Axé para todos!
Fonte:http://orixasdeoxala.blogspot.com.br
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