Segundo a indicação de alguns
pesquisadores, o desenvolvimento dos terreiros de candomblé passou a se
manifestar a partir do século XVIII. Nessa época, o crescimento dos
centros urbanos se tornava um ambiente propício para que vários negros
se reunissem e organizassem experiências religiosas mais estáveis e
regulares. Foi nesse contexto que o candomblé deu seus primeiros passos
rumo à consolidação de uma experiência religiosa identificável.
A relação do candomblé com a cidade pode
ser explicada através da situação dos escravos que ali viviam. Nos
centros urbanos havia negros alforriados, escravos de ganho e domésticos
que circulavam com maior frequência e, dessa forma, estreitavam seus
laços com maior facilidade. Em contrapartida, as condições de trabalho
mais rígidas e a própria dificuldade de locomoção determinavam maiores
empecilhos para que algo semelhante ocorresse no meio rural.
Já no século XIX, era possível pontuar a
existência de alguns sobrados antigos e casarões coletivos em que negros
livres organizavam pontos de encontro para a realização de seus cultos.
Apesar da existência da repressão imposta pelas autoridades oficiais, o
candomblé dava seus primeiros passos formativos. No ano de 1889, a
proclamação da República, precedida pela Abolição da Escravatura, também
contribuiu para que as crenças afro-brasileiras se expandissem.
Nesta conjuntura inédita, os terreiros de
candomblé foram sendo criados e dando forma aos rituais e crenças que o
definiriam. Mais do que isso, também funcionaram como meio de
confraternização e socialização de vários negros que saíam do meio rural
visando outras oportunidades de emprego. Com isso, os terreiros também
serviam como lugar de lazer, solidariedade e manutenção de uma memória
coletiva que se mostrou essencial no surgimento desta rica prática
religiosa.
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